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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Só Eles Sabem - A Parede que a Ditadura Não Apagou.

Foto de Kellyane Silva

DITADURA MILITAR NO CEARÁ


Na Ditadura Militar, assim como na maioria dos Estados brasileiros, o Ceará não ficou de fora e deu sua contribuição para compor essa parte de nossa História. Quando visitei o Memorial da Resistência  (Rua Pereira Filgueiras Nº 4 – onde anteriormente funcionava a Secretaria Municipal da Cultura), observei o nome ARGENTINA cavado na parede. Perguntei ao Mediador que me acompanhava sobre a curiosa inscrição e sua resposta foi incisiva: “Só eles sabem”.

Durante a Ditadura Militar no Brasil, ali funcionou a sede da Polícia Federal, local de horror cujas paredes foram testemunhas dos “Anos de Chumbo” pelos quais o Brasil passou, tendo início no ano de 1969 e findando, em 1974.

O prédio em questão não pode ser comparado à “Casa da Morte” (Petrópolis ­ RJ), no entanto se equipara ao Terror que era feito com aqueles indivíduos que se mostravam contrários ao governo vigente.

Foto de Kellyane Silva

No endereço acima citado, existe uma cela, onde os chamados “Contraventores” capturados passavam seus dias encapuzados aguardavam seu “interrogatório” no segundo piso do prédio. Cela suja, fechada, abafada, doentia, as horas ali não passavam, mas se arrastavam junto com a Esperança de alguns de ver o Brasil um país melhor.
O que fazer naquele local estando nessa situação?
Foto de Kellyane Silva
Riscavam as paredes como calendários, nomes aleatórios, além de frases incompletas, descobertas após uma restauração da parede antiga. Depois de ouvir a resposta do Mediador, fiquei imaginando quem seria o responsável pela inscrição ARGENTINA, e de tantas outras que pude observar.

ASS, NÃO CHORE PELO LEITE DERRAMADO, 943 IBRAHIN, GUILHERMO < PAZ.
Foto de Kellyane Silva
Tenho certeza da importância de um lugar desses e de sua manutenção e visitação, pois não podemos esquecer nossa História. Jamais varrer para debaixo do tapete tudo que aconteceu, ou pior, fingir que esse período foi confortável.

Na intenção de impactar o visitante, as paredes foram revestidas por uma tinta preta, deixando o local mais sombrio. O ar condicionado, agora ali instalado, não ameniza em nada a sensação de prisão e desesperança que enche aquela Cela.
Foto de Kellyane Silva

MEMORIAL DA RESISTÊNCIA EM FORTALEZA

No Memorial da Resistência, podemos observar uma modesta tentativa de lembrar os Desaparecidos da Ditadura: uma parede, em frente da cela, grafitada, o que lembra rostos dos Desaparecidos. Pude perceber que aqueles rostos continuam perdidos na história do Brasil.

O acervo conta com fichas de presos. Tive acesso à ficha de um dos presos, um jovem estudante, Claudio Augusto de Alencar Cunha. Quem foi esse estudante que tinha uma ficha de prisão, sua comunicação era interceptada e foi anexada a sua ficha. Chamou-me atenção um prontuário, em branco, fiquei intrigada o por que deste prontuário, pois ali não seriam registrados toda a sorte de atrocidade que acometera este estudante.
Foto de Kellyane Silva


Finalizando minha indicação, vá até este local e vivencie.  Realização da Prefeitura de Fortaleza com parceria da Butuca Produções, com apoio dos grupos Os Aparecidos Políticos, 64/68 e documentos e peças do Arquivo Público do Ceará, Museu da Imagem e do Som, da Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel e Comitê Memorial, Verdade e Justiça do Ceará.

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